quarta-feira, 2 de junho de 2010

Cultura

Todos partilhamos características comuns que nos tornam distintos de qualquer outra espécie, no entanto, todos somos diferentes – diversidade biológica.
Diversidade Biológica
A descodificação do genoma humano é muito semelhante de indivíduo para indivíduo, sendo que, os 6 milhões de seres humanos partilham 99,9% do código genético.
A constatação de que a composição genética dos seres humanos é igual em todo o mundo põe em causa o conceito de raça, e por consequência o Racismo. De facto, é possível encontrar maiores diferenças genéticas entre duas pessoas que vivam no mesmo país do que entre um africano e um europeu.
Se a hereditariedade específica assegura um conjunto de características comuns que nos tornam humanos, a hereditariedade individual torna-nos únicos. Nos seres humanos o programa genético não define o indivíduo, é antes, um conjunto de instruções que favorecem a variação individual. O processo de desenvolvimento ocorre em contexto social, aprofundando as diferenças da hereditariedade.

Diversidade Cultural
Aquilo que trazemos escrito no nosso código genético não é suficiente para crescermos como humanos. Sem a cultura e sem as possibilidades de desenvolvimento que nos proporciona crescermos num contexto cultural particular, seríamos incompletos.
Diversidade Individual
A cultura tem um papel importante mas não determina aquilo que somos. Somos produtos da nossa cultura, mas somos também produtores de cultura.
Relativamente ao nosso corpo e cérebro, estes contém certas características que não são determinadas por uma biologia escrita em nós. É neste ponto de encontro entre a cultura e a Biologia, que se reflecte a diversidade de cada indivíduo. ______________________
Estes resumos foram elaborados durante a aula, com a minha colega Melissa.


História Pessoal: Factores internos e externos
Publicada por Joana Pereira on 12:03 / Comments: (0) Etiquetas: , , , , ,
O ser Humano é um ser situado num corpo e num todo sociocultural. O que somos não é apenas fruto da influência dos aspectos biológicos e socioculturais, depende também da nossa autonomia e autodeterminação.
História Pessoal
Estamos, desde sempre, integrados numa sociedade, como tal são as marcas deixadas pelas nossas experiências que nos distinguem dos outros e nos tornam únicos.
Todos temos uma história pessoal na qual nos reconhecemos como humanos – identidade específica, sabendo que nos inserimos na sociedade – identidade cultural. O mundo do outro torna-se o nosso mundo, pelo que construímos a nossa identidade pessoal, a personalidade e a individualidade, nas relações interpessoais.
Papel dos Significados
As experiências vividas constituem um elemento fundamental da nossa vida psíquica, sendo que uma mesma situação pode ser encarada de maneira diferente, por diferentes sujeitos.
A ligação que cada um estabelece com estas experiências faz-se através dos significados que cada um lhes atribuí. São os significados que conferem a singularidade de cada pessoa. A divergência ao construir os significados, integra uma visão pessoal, daí o carácter subjectivo dos acontecimentos vividos.
A história pessoal desenrola-se, portanto, na relação entre factores externos e factores internos, entre o que é objectivamente percebido e o que é subjectivamente construído.
Auto-organização e criação sociocultural

O ser humano é uma criação sociocultural. Na nossa construção de significados interfere activamente todo o tipo de significados culturais de histórias pré-existentes.
Na nossa relação com a sociedade ordenamos e organizamos a nossa história - auto-organização, e é através do fluxo de experiências que nos construímos e organizamos no mundo. Assim, torna-se possível relacionar o passado com o presente, e manter a continuidade do seu sentido de si.
Enquanto seres activos e autónomos, os seres humanos não só criam a sua história pessoal como também transformam o seu ambiente físico e sociocultural.
Adaptação e Autonomia
A adaptação é frequentemente entendida como uma característica de resposta dos organismos ao seu contexto. Como sabemos a forma como respondem a pressões e desafios diverge de indivíduo para indivíduo. Contudo, não podemos encarar este processo de uma forma mecânica, o organismo não responde mas age sobre os estímulos, interpreta-os e transforma-os de acordo com as suas necessidades.
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Estes resumos foram elaborados durante a aula, com a minha colega Melissa.


Factores no processo de tornar-se humano
Publicada por Joana Pereira on 18:39 / Comments: (0) Etiquetas: , , , ,
Nos posts anteriores estudámos a forma como a evolução, estrutura e funcionamento do corpo e do cérebro têm de ser ter em conta para entendermos o ser humano e os seus comportamentos. No entanto o que nos torna humanos está muito para além da nossa herança genética e biológica, centrando-se também na nossa dimensão social e cultural.
Tornamo-nos humanos através da aprendizagem de formas partilhadas de ser e de nos comportarmos. A capacidade humana de nos adaptarmos a um meio e de o adaptarmos a nós, bem como outros factores, fizeram aumentar as hipóteses de sobrevivência da nossa espécie. Este processo exigiu coordenação e cooperação, bem como o desenvolvimento de outras capacidades, como a comunicação através da linguagem, ou até mesmo escrita e/ou artística. Desta forma aprendemos a viver sociedade, construindo um mundo inter-humano, que constitui o ambiente de suporte e protecção dos seres humanos e das suas formas de vida. Tudo isto através da organização de sociedades e da criação de culturas.
Noção de Cultura
A Cultura é a herança social constituída por crenças, artes, leis, valores, costumes e todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo Homem enquanto membro da sociedade. A Cultura é uma totalidade (dos conhecimentos) onde se inserem estes elementos materiais e simbólicos, que mudam e se influenciam mutuamente. Assim, os elementos simbólicos, como os valores e as crenças, materializam-se nas múltiplas produções culturais: matéria-prima utilizada, peça de roupa produzida, etc. Mas, ao mesmo tempo, são estas práticas e modos de fazer que são simbolizados, construídos simbolicamente, nas teorias, valores e crenças de determinada cultura.
O ambiente cultural em que nascemos é-nos tão familiar, que não possuímos dele um conhecimento necessariamente explícito, no entanto, apercebemo-nos de que esse conhecimento existe em nós, através dos nossos actos, decisões e comportamentos. É importante referir que, para além de produtos da cultura, somos também os seus produtores, uma vez que os nossos pensamentos e comportamentos fazem parte da cultura em que estamos integrados, da sua construção, transmissão e transformação.
Um exemplo importante para entender o papel da cultura na definição do que é ser humano é as crianças selvagens. As crianças selvagens são crianças que cresceram com contacto humano mínimo, ou mesmo nulo. Sobreviveram sozinhas ou na companhia de animais, razão pela qual muitas delas apresenta comportamentos animalescos. Normalmente, são perdidas, roubadas ou abandonadas na infância e, depois, anos mais tarde, descobertas, capturadas e recolhidas entre os humanos.
Os casos que se conhecem de crianças selvagens revestem-se de grande interesse científico, já que constituem uma espécie de grau zero do desenvolvimento humano. Em termos de linguagem, as crianças selvagens só conhecem a mímica e os sons animais. A sua linguagem é quase sempre nula ou muito reduzida e varia de caso para caso conforme o tipo de isolamento. A maioria não gosta da companhia humana, procurando a companhia dos animais semelhantes à espécie dos seus pais adoptivos, que também se aproximam delas como não o fariam em relação a outros humanos. As crianças selvagens não se riem ou choram, apesar de eventualmente poderem desenvolver alguma ligação afectiva. Manifestam pouco ou nenhum controlo emocional e, muitas vezes, têm ataques de raiva podendo então exibir uma força particular e um comportamento claramente selvagem.
Cultura
A cultura é o conjunto de maneiras de fazer e de viver de um determinado grupo, dela fazem parte os vários modos de relacionamento entre as pessoas, pelo que não há uma só cultura, mas múltiplas culturas.
As diferentes culturas reflectem as diferentes maneiras como as diversas comunidades organizaram e integraram as suas necessidades de sobrevivência, os acontecimentos da sua história e as exigências do meio onde vivem.
Padrões Culturais
Padrão cultural é o conjunto de comportamentos, práticas, crenças e valores comuns aos membros de uma determinada cultura. São exemplos a forma de vestir, de cumprimentar, a alimentação, etc.
Os padrões culturais desempenham um importante papel no enquadramento da construção de significados em muitos domínios da vida social: servem de quadros de referência e marcam presença enquanto interpretações acessíveis às pessoas. A cultura a que pertencemos tem influência naquilo que sentimos, pensamos, naquilo que consideramos bonito ou feio, bom ou mau.
Assim, é necessário ter os padrões culturais em conta quando observamos os sentidos que as pessoas e os grupos atribuem a determinadas actividades e comportamentos. O seu significado depende do contexto social em que são vividos e experimentados pelos sujeitos. No entanto estes padrões culturais não são realidades estáticas. Cada um deles muda permanentemente, não só pela acção criadora, produtora de cultura, de cada um dos seus membros, mas também através do contacto com outras culturas.
Conceito de aculturação
A aculturação diz respeito ao conjunto de fenómenos resultantes do contacto contínuo entre grupos de indivíduos de diferentes culturas, assim como às mudanças nos padrões culturais de ambos os grupos que decorrem desse contacto. Muitas vezes dá-se o aparecimento de criações culturais novas e o desaparecimento e destruição de outros elementos culturais.
Socialização
A socialização consiste na interiorização que cada indivíduo faz das normas e valores da sociedade em que está inserido e dos seus modelos de comportamento. Esta aprendizagem permite, não apenas a integração de cada pessoa no grupo sociocultural, mas também a reprodução deste grupo e das suas formas de organização. Enquanto parte do grupo, cada pessoa não se limita a integrar as práticas e valores em vigor. Participa activamente na produção, recriação e transmissão dos seus padrões de cultura e de socialização.
Portanto a socialização compreende a interiorização e a participação na sociedade.
Socialização primária e secundária
O indivíduo não nascer ser social, mas é constrangido no decurso da sua vida a “tomar parte da dialéctica da sociedade”, a ser membro social, a estar na sociedade. O primeiro momento deste processo é a interiorização. Esta constitui, em primeiro lugar, o fundamento de toda a compreensão do outro e, depois, “a apreensão do mundo como realidade social dotada de sentido”. O indivíduo, ao apreender o mundo, “assume” o mundo dos outros e ao assumi-lo recria-o.
O mundo do outro torna-se o seu mundo.
A socialização primária é a primeira socialização, realizada na infância. É responsável pelas aprendizagens mais básicas da vida em comum. A criança aprende e interioriza a linguagem, as regras básicas da sociedade, a moral e os modelos comportamentais do grupo a que se pertence. A socialização primária tem um valor primordial para o indivíduo e deixa marcas muito profundas em toda a sua vida, já que é aí que se constrói o primeiro mundo do indivíduo. Termina quando a criança mostra ter obtido uma personalidade específica e um mundo interiorizado.

A socialização do indivíduo é realizada através de outros “eus significativos”, estes são-lhe impostos, na medida em que o indivíduo, quando nascer, encontra já uma estrutura social, uma cultura da qual faz parte.
No processo de socialização primária a criança não tem um papel passivo, no entanto, são os outros significativos que impõem as “regras do jogo”. O mundo interiorizado pela criança surge, não como um mundo possível, mas como o único mundo. É por esta razão que o mundo interiorizado pela socialização primária assume um carácter mais imutável.
A socialização secundária é, antes de mais, a interiorização de saberes profissionais, é toda a socialização subsequente, isto é, introdução ao indivíduo já socializado “em novos sectores objectivos do mundo da sua sociedade”. Ocorre sempre que uma pessoa tem de se adaptar e integrar em situações sociais específicas (mudança de escola, casamento, reforma).


Reflexão sobre o filme Nell
Publicada por Joana Pereira on 22:45 / Comments: (0) Etiquetas: , , ,
O filme Nell retrata a história de uma rapariga que nasceu e cresceu isolada da civilização, na companhia da sua mãe e irmã gémea. A linguagem por si apresentada foi adquirida a partir do contacto com a sua mãe, que, por possuir uma paralisia facial, não pronunciava correctamente as palavras. Este facto ilustra a importância da socialização, uma vez que a apreensão do seu dialecto, a partir do contacto social com uma única pessoa, é deficiente. Após a morte duas familiares a personagem passa a viver sozinha, sendo, mais tarde, descoberta por um médico e uma psicóloga, que tentam inseri-la na sociedade.
É fascinante como o ser humano é dependente da vida em sociedade, uma vez que só se constitui como indivíduo, quando detém cultura. Ao contrário do que primeiramente poderíamos pensar, Nell possui cultura, própria do ambiente em que se insere. Podemos constatar este facto tendo em conta a forma como sepultou a mãe e também os rituais que praticava.
Depois de assistir a este maravilhoso filme, é fácil reflectir sobre a vida, sobre o modo como a conduzimos e também sobre a influência que a sociedade tem sobre nós. De facto, este argumento mostra a importância da compreensão, respeito e aceitação do nosso semelhante, afinal são as diferenças que enriquecem a nossa cultura.
A sensibilidade do filme é contagiante. A inocência e simplicidade de Nell fazem-me reflectir sobre o facto de ser essencial a convivência e a troca de sentimentos entre as pessoa. Baseando-me em tudo o que enunciei, afirmo que este foi um dos filmes mais incríveis e profundos que vi até hoje. Adorei!

Relações precosses

A prematuridade do recém-nascido disponibiliza-o para o estabelecimento de relações precoces com quem lhe propicia cuidados parentais. Predispõem-no para o desenvolvimento de competências relacionais com quem dele cuida sob a forma de vinculação.
A Importância da Relação de Vinculação
John Bowlby desenvolveu uma teoria denominada vinculação que é definida pela necessidade de criar e manter relações de proximidade e afectividade com os outros, de o bebé se apegar a outros seres humanos para assegurar protecção e segurança. Segundo ele, para assegurar estas relações existiriam esquemas comportamentais inatos que se manifestariam logo após o nascimento, são eles o choro, o sorriso, agarrar, mamar e seguir com o olhar.
A Investigação de Bowlby
Bolwlby expôs um conjunto de investigações sobre as relações entre as perturbações de comportamento e a história da infância. Combina com a sua investigação os trabalhos de Lorenz, o etólogo que desenvolve o conceito de imprinting. Os recém-nascidos de determinadas espécies fixam a sua preferência relativamente aos indivíduos com quem contactam logo após o nascimento. Geralmente o imprinting dirige-se à mãe ou a outros indivíduos da mesma espécie.
Segundo a teoria da vinculação, estudada por Bowlby e Harlow, a proximidade física do progenitor é uma necessidade inata, primária, essencial ao desenvolvimento mental do ser humano e ao desenvolvimento da sociabilidade.
A partir das concepções de Darwin e dos trabalhos de Lorenz, defende que a vinculação ao progenitores responde a duas necessidades: protecção e socialização.
OUTRAS INVESTIGAÇÕES
Mary Ainsworth foi uma psicóloga que trabalhou com Bowlby e que desenvolveu a teoria da vinculação. Ela considera que existe etapas no processo de vinculação: a um primeiro estádio de orientação, segue-se um estádio de focalização que conduz à vinculação propriamente dita.
Se a relação com os pais gera segurança, a criança sente-se mais livre para descobrir o mundo e estabelecer outras relações. Mary Ainsworth descreve o funcionamento desta “base de segurança” recorrendo a um procedimento experimental – Situação Estranha – em que a criança está com a mãe numa sala e a elas se junta uma pessoa estranha. De seguida sai a mãe e só depois a pessoa estranha, que regressa momentos de pois, antes da mãe. Neste teste a criança brinca confiante na presença da mãe, chora quando ela sai e acalma quando ela regressa. O seu comportamento reflectiria uma vinculação segura.
A partir destas observações distinguiu:
· Vinculação Segura – as crianças choram na ausência da mãe, procurando o contacto físico na sua presença;
· Vinculação Evitante – as crianças parecem indiferentes à separação da mãe, bem como ao seu regresso;
· Vinculação Ambivalente/Resistente – as crianças manifestam ansiedade antes da mãe sair, perturbação na sua ausência, hesitando entre a aproximação e o afastamento dela quando esta regressa.
A investigadora estudou também a relação que a criança estabelece com o pai, utilizando a mesma experiência e constatando os mesmos factos, no entanto com menor intensidade.
APRECIAÇÃO CRÍTICA
· O seu carácter artificial pode conduzir a conclusões desadequadas sobre a relação mãe-filho, razão pela qual os investigadores procuram complementá-la com observações em situações naturais;
· Caracterização do tipo de vinculação encontra-se no contexto particular da sociedade ocidental. Numa situação em que a mãe educa o filho no sentido de uma vinculação evitante, procurando desenvolver a independência do filho, esta fica satisfeita com os resultados, uma vez que, por valorizar a aproximação do filho a outros cuidadores, considera ser este o meio de providenciar segurança e equilíbrio ao seu bebé;
· Os registos culturais e socioeconómicos influenciavam o que consideravam o comportamento desejável para os seus bebés.
As Relações Precoces no tornar-se Humano
Bowlby encarou a vinculação como um comportamento adaptativo da espécie humana. Assim, são as relações de vinculação que tornam previsíveis os comportamentos de resposta às carências.
Da Díade à Tríade
Uma das questões que tem interessado aos investigadores, é como é que da díade – mãe-bebé – se passa para a tríade – mãe-bebé-pai – e depois para os outros grupos sociais.
Os seres humanos são os animais que mantêm laços de relação prolongados no acompanhamento dos seus descendentes, o que implica, complementarmente a outros factores, uma organização social única.
Este tipo de relações tem vindo a alterar-se, concretamente nas sociedades ocidentais, com as grandes mudanças decorrentes da revolução industrial.
Figura de Vinculação
Estudos desenvolvidos mostram que o bebé estabelece laços de vinculação com a pessoa mais próxima e permanente que cuida dele e que responde de forma mais adequada às suas necessidades. Outros cuidadores podem, então, substituir a mãe – agentes maternantes – funcionando como figuras de vinculação.
Na sociedade actual, em que as crianças estão integradas em jardins-de-infância, são favorecidas outras relações que nos permitem falar de vinculações múltiplas, sendo que a mãe não é a única figura de protecção.
Vinculação e equilíbrio Psicológico
O envolvimento físico e emocional que se estabelece permite que a criança cresça equilibradamente para fazer face às necessidades e dificuldades do dia-a-dia. Efectivamente, a mãe, ao interpretar e ao responder satisfatoriamente às necessidades do filho, não só disponibiliza prazer e satisfação no presente, como influência muitos aspectos da sua constituição psicológica.
A relação mãe-bebé contribui, por exemplo, para uma relação mais equilibrada com o corpo, sem tensão nem inibições excessivas, propiciando uma maior proximidade com os outros.
As representações relacionais que se constroem durante a primeira infância contribuem, também para a estruturação da sexualidade. O contacto com a pele, o prazer da fome e da sede saciado, o aconchego do corpo, os odores, constituem elementos importantes na relação que este ser estabelecerá com outros significativos – construção da afectividade.
Vinculação e Individualização
A relação que o bebé estabelece com a pessoa que cuida dele impele-o a explorar o meio e a afastar-se das figuras de vinculação. Isto porque são (à partida) relações de segurança e de confiança, pelo que o bebé/criança/adulto não teme o afastamento dos pais. Este é o princípio do processo de autonomia.
Na base do processo de individualização – necessidade primária de o ser humano criar a sua própria identidade - está, então, a vinculação. Entre estes dois processos existe uma relação de interacção, uma relação dialéctica que se mantém ao longo da vida. A cada etapa de desenvolvimento, apesar de intimamente relacionados, corresponde o predomínio de um dos processos.onsequências das Perturbações nas Relações Precoces
Harry Hallow orientou um conjunto de estudos sobre os macacos que mostraram os efeitos da ausência da mãe junto das crias. Construiu duas mães artificiais, uma de arame e outra “peluche”, sendo que ambas providenciavam alimento de igual qualidade. O investigador constatou que as crias passavam a maior parte do tempo agarradas à mãe de peluche, não procurando a mãe de arame para se proteger numa situação de perigo.
Noutro estudo procurou avaliar o efeito nos macaquinhos criados sem qualquer contacto, isolando-os numa jaula vazia, sem ver qualquer ser vivo. Quando os períodos eram longos os macacos encostavam-se ao fundo da jaula balouçando-se para trás e para a frente e agarrando-se a si próprios. Quando juntos a outros macacos ditos normais, não participavam em qualquer brincadeira, fugindo de contactos. Quando adultos o seu comportamento sexual estava fortemente afectado bem como a sua capacidade de criar os seus bebés, chegando a maltratá-los.
Com estas experiências concluiu que o vínculo entre a cria e a mãe estaria mais relacionado com o contacto corporal e o conforto daí decorrente do que com a alimentação, e que são devastadores os efeitos da ausência da mãe, também nos humanos.
O Hospitalismo
René Spitz, psiquiatra infantil, desenvolveu um conjunto de pesquisas em crianças que permaneceram num orfanato, durante os primeiros 12 meses de vida, privadas da presença da mãe. Estou as consequências e concluiu que os bebés apresentavam perturbações somáticas e psíquicas, já que os cuidados são administrados de forma anónima, sem que se estabeleçam laços afectivos.
Spitz designou por hospitalismo o conjunto de perturbações vividas por crianças institucionalizadas e privadas de cuidados maternos: atrasos no desenvolvimento corporal, dificuldades na habilidade manual e na adaptação ao meio ambiente e atraso na linguagem. São crianças menos resistentes às doenças e que, nos casos mais graves, podem ser apáticas. Os efeitos destas perturbações são duradouros e muitas vezes irreversíveis.
Com as suas investigações, o psiquiatra confirmou a necessidade de laços e de contactos afectivos entre o bebé e o adulto.


Relações Precoces – Caracterização
Publicada por Joana Pereira on 19:11 / Comments: (0) Etiquetas: , , , ,
O ser humano é um ser biologicamente social, já que desde que nasce até que morre vive integrado num meio social. Só sobrevive porque vive em interacção com outros que contribuem para o seu bem-estar físico e psicológico. Precisamos que gostem de nós, que nos aprovem, e de nos sentir integrados. Somos, então, dependentes uns dos outros.
A vocação social manifesta-se logo após o nascimento nas relações precoces que o bebé estabelece com a mãe e com os adultos que cuidam de si. É na relação com os outros que o nosso eu se constrói.

A Imaturidade do Bebé Humano
A imaturidade do ser humano, que torna o bebé dependente de adultos para sobreviver, revelou-se um elemento decisivo no processo de desenvolvimento da espécie. Esta imaturidade, e as necessidades daí decorrentes, implicam relações com os progenitores distintas dos outros seres vivos.
As Competências Básicas do Bebé
Os novos meios de investigação, e os novos dados que se obtiveram, originaram um interesse singular pelas competências precoces do bebé, sendo também crescente a consciência da importância que tem o conhecimento da psicologia do bebé na compreensão do desenvolvimento humano e no modo como se processa a comunicação com as figuras parentais. Abandonou-se a ideia de que um bebé era um ser passivo e constatou-se que, na verdade, apresenta um conjunto de capacidades e competências que estimulam aqueles que o rodeiam a satisfazê-lo – capacidade para comunicar.
Competências para Comunicar
A comunicação entre o bebé e as figuras parentais faz-se através de um conjunto de sinais que manifestam as suas necessidades e o seu estado emocional – regulação mútua.
Estudos recentes provam que o bebé, enquanto sujeito activo que se expressa e reage à atenção disponibilizada, é capaz de dirigir a sua atenção para estímulos do meio, como vozes e cores, logo que nasce. O choro, o contacto físico, o sorriso, as expressões faciais, as vocalizações são alguns dos meios a que o bebé recorre para manifestar as suas necessidades e obter a sua satisfação. São, também, estratégias para seduzir os adultos, de forma a evitar que os abandonem.
O SORRISO
O sorriso é uma das formas de comunicação que desencadeia confiança e afecto reforçando os esforços dos adultos em satisfazer o seu bebé.
Os sorrisos dos bebés começam por ser reflexivos e/ou automáticos, por exemplo quando acabam de comer. Mais tarde tornam-se intencionais, sorrindo não apenas para a mãe mas para qualquer rosto que surja. Por volta dos seis meses apenas sorriem para as pessoas que conhecem, sendo um sorriso social.
O CHORO
O choro é o meio mais eficaz de demonstrar uma necessidade ou um mal-estar. As crianças cujas mães não respondem imediatamente aos apelos tendem a chorar com frequência durante o primeiro ano de vida. As crianças cujas mães são solícitas no atendimento ao choro tendem a chorar menos, desenvolvendo outras formas de apelar, pois introduz nas crianças um estado de segurança. Daí que outras formas de comunicação se desenvolvam rapidamente em substituição do choro.
Podem distinguir-se quatro padrões de choro: choro básico de fome, choro de raiva, choro de frustração e choro de dor. As figuras parentais, em geral, sabem distingui-los, o que lhes permite responder às solicitações.

AS EXPRESSÕES FACIAIS
A tristeza, o medo, a raiva e a surpresa, são emoções que se podem manifestar através de expressões faciais. Psicólogos como Carroll Izard procuraram identificar, no bebé, as expressões manifestadas e as emoções correspondentes, filmando brincadeiras diferentes, como um palhaço a saltar de uma caixa.
As expressões faciais têm um valor comunicacional porque transitem uma mensagem que tem expectativa de uma resposta.
AS VOCALIZAÇÕES
Os bebés desde muito cedo emitem sons vocais como resposta às vocalizações dos adultos – Lalação. É caracterizado, fundamentalmente, por cadeias de sílabas repetitivas: ta ta ta, pa pa pa…
As vocalizações que vão evoluindo para forma de conversa são um reforço para a atenção dispensada pelos adultos.
As Competências da Mãe
Uma interacção equilibrada exige que a mãe interprete adequadamente os sinais emitidos pelo bebé e que responda de forma apropriada. Se o bebé obtém o que precisa, reagirá com alegria; se, depois de várias tentativas para atrair a mãe, não consegue, manifestará ansiedade e frustração.
Entre o nascimento e os 18 meses, o bebé mantém uma relação privilegiada com a mãe, que oscila entre confiança e desconfiança. Se a mãe cuida do bebé, se está disponível para responder às suas solicitações, desenvolve um sentimento de confiança fazendo-o sentir seguro. Caso a mãe não responda adequadamente, podem desenvolver-se sentimentos de desconfiança. Segundo Erikson, a confiança reflectir-se-ia ao longo da via, manifestando-se numa capacidade de adaptação às pessoas e às situações em contexto social.
A sensibilidade e a disponibilidade da mãe face às necessidades do bebé e o prazer mútuo nas interacções que se estabelecem propiciam um sentimento interno de segurança, que é gerador de uma confiança básica que permite ao bebé encarar o mundo de forma positiva. A qualidade da relação entre a mãe e o bebé é, assim, importante, para o desenvolvimento da personalidade, da autoconfiança.
Segundo o modelo continente-conteúdo de Bion, a mãe pode ser a depositária dos sentimentos contraditórios do seu filho. Face à ansiedade do bebé, este psicanalista sugere três possibilidades de actuação da mãe:
· Interpreta-a como uma manha perturbadora, agudizando a ansiedade – como a mãe não se liga ao bebé não é continente;
· Fica tão alarmada que desenvolve comportamentos ansiosos de sobreprotecção – excede-se em agitação transmitindo ainda mais angústia para o bebé, não é uma mãe continente;
· Reage às necessidades do bebé dando acolhimento à angústia e à ansiedade do filho sem as desenvolver – transmite equilíbrio psicológico
As Fantasias da Mãe
A relação mãe/bebé inicia-se quando a mulher tem conhecimento da sua gravidez. Esta relação é construída e reforçada pelas fantasias da mãe face ao bebé. As fantasias são um conjunto de suposições sobre o sexo do bebé, com quem será parecido, como se comportará. Fazem-se projectos relativamente à criança. Estas fantasias fazem com que muitas mulheres falem com o seu bebé, construindo-se, assim, um vínculo a um bebé imaginário que terá de dar lugar ao bebé real.

As emoções


Até à algum tempo atrás as emoções eram vistas como um entrave do modo de pensar e agir, por serem irracionais. No entanto, devido a investigações levadas a caso, entre outros, por António Damásio, o seu estatuto foi alterado, sendo que, actualmente, são consideradas fundamentais no acto de decidir, por representarem processos com valor adaptativo (são sinalizadoras de determinados estados.
É muito difícil esconder as nossas emoções, uma vez que comunicamos o que estamos a sentir por um torcer de mãos e uma alteração do tom de voz, por exemplo. Assim podemos afirmar que as emoções estão presentes nas nossas interacções sociais, acompanhando ou até mesmo substituindo a linguagem. Como? Através de sinais emocionais, como por exemplo o sorriso e o choro, que, após uma interpretação, originam uma resposta. Esta comunicação acaba por ser muito mais rápida e poderosa.
A complexidade das emoções reside no significado que atribuímos às pessoas, aos acontecimentos e aos lugares, que depende dos nossos valores, princípios e da nossa história pessoal.
Outro contributo importante de Damásio foi a classificação das emoções, distinguindo diferentes tipos:
- Emoções primárias ou universais – surgem na infância com o intuito de reagir rapidamente a diferentes estímulos – alegria, tristeza, medo, surpresa,...
- Emoções secundárias ou sociais – constituem-se por cima das primárias, experimentando-se mais tarde. Implicam uma avaliação cognitiva das situações e o recurso a aprendizagens feitas (córtex pré-frontal) - vergonha, ciúme, culpa, orgulho,...
- Emoções de fundo – bem ou mal-estar, calma ou tensão,...
Para as distinguir dos afectos e sentimentos, eis as características que melhor os definem:
Emoções:
- Tem origem numa causa, num objecto;
- São reacções corporais específicas, observáveis;
- São publicas e voltadas para o exterior;
- São automáticas e inconscientes;
- Polaridade: podem ser negativas ou positivas;
- São versáteis: variam em intensidade e são de breve duração;
- Relacionam-se com o tempo: as emoções têm princípio e fim.
Afectos:
- Os afectos têm a ver com aquilo que nos afecta, são algo de que somos dotados;
- São tendências para responder positiva ou negativamente a experiências emocionais relacionadas com as pessoas ou objectos;
- Ter afectos é ser dotado da capacidade de dar e de receber, de amar e de ser amado, de perturbar e de ser perturbado, por exemplo;
- Os afectos exprimem-se através das emoções e têm uma ligação especial com o passado, com as experiências e vivências com as pessoas, objectos, ambientes e ideias. As emoções estão ligadas essencialmente a situações presentes;
- Exprimem-se em sentimentos e emoções.
Sentimentos:
- Não são observáveis, são privados e relacionam-se com o interior;
- Prolongam-se no tempo e são de menor intensidade de expressão que as emoções;
- Não se associam a nenhuma causa imediata;
- Surgem quando tomamos consciência das nossas emoções.
Normalmente, emoção e sentimento surgem como sinónimos, mas segundo António Damásio, a relação entre ambos é muito estreita. A emoção é um conjunto de reacções corporais, automáticas e inconscientes, face a determinados estímulos provenientes do meio onde estamos inseridos. O sentimento surge quando tomamos consciência das nossas emoções, isto é, o sentimento dá-se quando as nossas emoções são transferidas para determinadas zonas do nosso cérebro, onde são codificadas sob a forma de actividade neuronal.
Não é inerente aos sentimentos termos consciência deles, razão pela qual António Damásio considera que existem 3 fases:
- O estado de emoção – a emoção pode ser desencadeada e experimentada de forma inconsciente;
- O estado de sentimento – pode ser representado de uma forma não consciente;
- O estado de sentimento formado consciente – conhecido pelo organismo que experimenta a emoção e o sentimento.
Componentes das Emoções
- Componente cognitiva - Ocorre quando tomamos conhecimento do facto: se não houver conhecimento deste, não se experimenta qualquer emoção;
- Componente avaliativa - Fazemos uma avaliação, agradável ou desagradável, da situação;
- Componente fisiológica - Manifestações orgânicas, corporais face à emoção;
- Componente expressiva - Expressões corporais que permitem mostrar ao outro as nossas emoções;
- Componente comportamental - Comportamento que o sujeito poderá ter face ao outro, é o estado emocional que desencadeia determinado conjunto de comportamentos;
- Componente subjectiva - Relaciona-se com o que o indivíduo sente a nível emocional e interior a que só ele tem acesso, ou seja, é o estado afectivo associado à emoção.
A emoção não se pode resumir a nenhuma destas componentes, sendo que uma influência todas as outras.
Perspectivas sobre as Emoções
Perspectiva Evolutiva
Charles Darwin procurou traços comuns na expressão de emoções em vários povos, e identificou seis emoções primárias: a alegria, a tristeza, a surpresa, a cólera, o desgosto e o medo. Considerou que as emoções têm um papel adaptativo fundamental na história da espécie humana, sendo determinante para a sua capacidade de sobrevivência.
Mais tarde, Paul Ekman procurou testar uma tese que defendia que povos diferentes teriam emoções diferentes. Utilizou fotografias de norte-americanos a interpretar as seis emoções primárias, para questionar o povo Foré e apurar se conseguiam identificá-las. Acabou por confirmar a tese de Darwin: há emoções que são universais, independentes do processo de aprendizagem e da cultura em que se manifesta. Não nega a influência da cultura nas emoções, na medida em que há regras que controlam a sua expressão. Porem, existe um património comum ao nível das emoções e da sua expressão.
Perspectiva Fisiológica
Defendida por Willians James, que considerava que as emoções resultariam da consciência das mudanças orgânicas provocadas por determinados estímulos. Assim, numa situação de perigo eu tenho medo porque fujo e não ao contrário. Tomo consciência das pernas a tremer, da respiração ofegante,..., o que me faz sentir medo. As emoções resultam das percepções do estado do corpo, das mudanças orgânicas oprovocadas por estímulos. O estado de consciência de emoções como a cólera, a alegria, a raiva, resume-se à consciência de manifestações fisiológicas. Um aspecto positivo da sua teoria, foi ter considerado que a emoção é um estado subjectivo e ter mostrado o interesse do estudo das emoções.
Perspectiva Cognitivista
Afirmam que os processos cognitivos, como as percepções, recordações e aprendizagens, são fundamentais para se perceberem as emoções. É o modo como interpreto determinada situação e a avalio segundo a minha história pessoal, que provoca a emoção.
Perspectiva Culturalista
As emoções são processos aprendidos no processo de socialização. As emoções são uma construção social, como tal têm que ser aprendidas. As diferentes sociedades e culturas definem o tipo de emoções que se podem manifestar e como as manifestar. A sua forma de expressão varia de cultura para cultura, dependendo assim do espaço e do tempo. Nega a existência de emoções universais: à diversidade cultural corresponde uma diversidade de emoções e das respectivas expressões.
Razão e Emoção
As pesquisas levadas a cabo por Damásio, referentes às áreas pré-frontais do cérebro, em que analisou vários casos de doentes com lesões, provocados por acidentes vasculares cerebrais, tumores ou traumatismo craniano, lesões estas que provocavam uma modificação na capacidade de decidir, especialmente em situações de caracter pessoal e social que envolvem risco e conflito, levaram-no a concluir que as emoções eram importantes na tomada de decisão. Assim, quando temos de tomar uma dceisão é preciso:
- Ter conhecimento da situação;
- Conhecer as diferentes opções de acção;
- Conhecer as consequências dessas acções no presente futuro.
A análise rigorosa de cada uma das hipóteses levaria tanto tempo que a opção escolhida deixaria de ser oportuna, ou então, perder-nos-íamos nos cálculos das vantagens e das desvantagens. Segundo o próprio autor, “a emoção bem dirigida parece ser o sistema de apoio sem o qual o edifício da razão não pode funcionar eficazmente”.
A tomada de decisão é suportada por duas vias complementares:
- Representação das consequências de uma opção disponibilizada pelo raciocínio: avaliação da situação, levantamento das opções possíveis, comparações lógicas, etc.;
- A percepção da situação provoca a activação de experiências emocionais experimentadas anteriormente em situações semelhantes.
Marcador somático: mecanismo automático que suporta as nossas decisões. Permite-nos decidir eficientemente num curto intervalo de tempo. Actua como um sinal de alarme automático que diz: atenção ao perigo decorrente da escolha de determinada acção. Este sinal protege-nos de prejuízos futuros, sem mais hesitações, permitindo-nos escolher uma alternativa entre as várias. Os marcadores somáticos aumentam provavelmente a precisão e a eficiência do processo de decisão.

INFLUÊNCIA SOCIAL
Vivemos em sociedade, integrados em diferentes grupos sociais e pelo processo de socialização integramos normas, valores, atitudes e comportamentos considerados desejáveis na sociedade. Assim, todas as pessoas que vivem em sociedade influenciam e são influenciadas – interacção grupal – mesmo não tendo consciência disso. Aliás, custa-nos aceitar que os nossos comportamentos e pensamentos sejam tão influenciados pelos grupos ou situações. Podemos dizer que o nosso comportamento foi influenciado quando este se altera na presença de outrem. Refere-se designadamente ao facto de os indivíduos muitas vezes se conformarem às ideias partilhadas pela maior parte dos elementos de um grupo.
Segundo o psicólogo social W. Doise, “a influência é um conjunto de processos que modificam as percepções, juízos, atitudes ou comportamentos de um indivíduo a partir do conhecimento das percepções, juízos e atitudes dos outros”.
1. PROCESSOS DE INFLUÊNCIA ENTRE INDIVÍDUOS
A influência social manifesta-se em três grandes processos: normalização, conformismo e obediência.
NORMALIZAÇÃO
Quando estudámos o efeito dos padrões culturais aprendemos que através da socialização, integramos um conjunto de regras e normas vigentes na sociedade que regulam os nossos comportamentos.
As normas são regras sociais básicas que estabelecem o que as pessoas podem ou não podem fazer em determinadas situações que implicam o seu cumprimento. As normas são uma expressão da influência social, que afectam as nossas acções e comportamentos sem nos apercebermos, ou seja, orientam o nosso comportamento. Como os comportamentos num grupo social são uniformizados, as normas permitem prever o comportamento dos outros. Como tal são elementos de coesão grupal, que facilitam a adaptação ao meio social e asseguram uma identidade.
Na ausência de normas explicitas os indivíduos que constituem um grupo tentam elaborá-las influenciando-se uns aos outros – normalização. A ausência de normas é geradora de desorientação e angústia nos membros desse grupo. A vida em sociedade seria impossível se não existissem normas, uma vez que as interacções sociais seriam imprevisíveis, sendo através delas que asseguramos a estabilidade do nosso viver social.
O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Na década de 20 a psicologia era dominada por duas correntes: o gestaltismo, que descreve os conhecimentos como inatos; e o behaviourismo, que defende que os conhecimentos são adquiridos por estímulos do ambiente.
Piaget, ao afastar-se destes dois extremos, propõe um novo modelo explicativo: o sujeito constrói os seus próprios conhecimentos através das suas acções. A inteligência é produto de um processo de adaptação, no qual interagem as estruturas mentais e a influência do ambiente. O sujeito é um elemento activo e decisivo no processo de conhecer – posição interaccionista. O conhecimento é produto da interacção das duas correntes extremistas. Este processo desenvolve-se por etapas, que Piaget designa por estágios de desenvolviment, disponíveis na seguinte ficha informativa:
Clica para consultar a Ficha Informativa
METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
Piaget reflectiu e desenvolveu estudos sobre os próprios processos metodológicos, que se centraram na aplicação do método clínico e na observação naturalista.
O facto de ter feito parte da Sociedade Suiça de Psicanálise e de ter assumido o papel de psicanalista, ter-lhe-á dado sensibilidade para o desenvolvimento do método clínico.
A sua experiência de biólogo orientou-o na observação naturalista dos seus filhos e de diversas crianças em várias situações do dia-a-dia.
CONCLUSÃO
Mesmo que algumas investigações recentes ponham em causa alguns aspectos da sua teoria dos estádios, a sua contribuição para a compreensão do desenvolvimento intelectual do ser humano é incontornável. As suas concepções revolucionaram literalmente as teorias sobre o desenvolvimento do pensamento humano, sendo precursor do cognitivismo.
É também o fundador de uma nova área de saber, a epistemologia genética, cujo objectivo é a compreensão da natureza e da origem do conhecimento.
A sua obra provoca uma alteração na forma como a criança é encarada e abre uma nova perspectiva para o conhecimento e educação.


Freud e o Inconsciente
Publicada por Joana Pereira on 15:55 / Comments: (0) Etiquetas: , , , ,
O INCONSCIENTE
A experiência com Charcot e sobretudo com Breuer leva Freud na concluir que não é possível compreender muitos aspectos do comportamento humano se apenas se admitisse a existência do consciente. Freud nega que o ser humano, sendo racional, conheceria o seu consciente através da introspecção. Para se compreender o ser humano tem de se admitir a existência do inconsciente, que define como uma zona do psiquismo constituída por desejos e pulsões recalcadas, especialmente de carácter sexual.
CONCEPÇÃO DO PSIQUISMO
Freud apresenta duas concepções do psiquismo da mente humana: a primeira e a segunda tópica. Distingue no nosso psiquismo instâncias – estruturas organizadas que incluem sistemas.
Na primeira tópica recorre à imagem do iceberg: o consciente corresponde à parte do visível, enquanto o inconsciente – que exerce uma forte influência no comportamento - corresponde a parte invisível. É possível aceder ao consciente através da introspecção. Há uma censura que impede este acesso às pulsões e desejos inconscientes, recalcando-os. O recalcamento é um mecanismo de defesa que devolve ao inconsciente os materiais que procuram tornar-se conscientes.
Id – zona inconsciente, primitiva e instintiva, a partir da qual se formam o ego e o superego. Existe desde o nascimento e visa a satisfação imediata de pulsões e desejos – princípio do prazer. Estruturado pela libido. Não se orienta por normas.
Ego – zona fundamental consciente, que se forma a partir do id. Rege-se pelo princípio da realidade, pelo que é o mediador entre as pulsões inconscientes e as exigências do mundo real – decide quais os desejos do id que podem ser realizados.
Superego – zona no psiquismo que corresponde à interiorização de normas e dos valores sociais e morais. Resulta do processo de socialização, da interiorização de modelos. Componente ética e moral do psiquismo.
Os estádios psicossexuais estão desenvolvidos numa ficha informativa que irei disponibilizar no próximo post.
METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
Depois de ter abandonado a hipnose como meio de explorar o consciente, Freud aplica o método clínico adaptando um conjunto de técnicas que permitiriam trazer ao consciente, as causas não conhecidas, inconscientes de determinados problemas. São elas:
- Associações Livres – O psicanalista pede ao analisado que diga tudo o que sente e pensa sem qualquer omissão. É no decorrer deste processo que se manifestam resistências e recalcamentos.
- Interpretação de sonhos - O psicanalista pede ao analisado que lhe relate os sonhos. Segundo Freud, os sonhos são a realização simbólica de desejos recalcados. Distingue o conteúdo manifesto do sonho (o que é lembrado, consciente) e o conteúdo latente (os desejos, medos).
- Análise da transferência – O psicanalista analisa e interpreta os dados do processo de transferência – processo em que o analisado transfere para o psicanalista os sentimentos de amor/ódio vividos na infância.
- Análise dos actos falhados – O psicanalista procura interpretar os esquecimentos, lapsos e erros de linguagem do analisado, que, segundo Freud, manifestariam desejos recalcados no inconsciente.
No próximo post é, também, possível encontrar, folhas informativas sobre a psicanálise.
CONCLUSÃO
Freud afirma que não é a razão, a consciência, que controla a vida humana, mas as forças do inconsciente. Ele disponibiliza uma nova perspectiva do conceito de ser humano, dominado desde o nascimento por pulsões, sobretudo de carácter sexual, vivendo conflitos intrapsíquicos que se manifestam em comportamentos no nosso quotidiano.


O Objecto da Psicologia
Publicada por Joana Pereira on 21:43 / Comments: (0) Etiquetas: , , ,
O objecto da Psicologia é o estudo científico do comportamento e dos estados mentais.
Podemos definir comportamento como todos os actos e acções observáveis, tudo o que o organismo faz e que se pode observar, como correr e falar. Por outro lado, os estados mentais são os sentimentos, as emoções, as atitudes, os pensamentos, as lembranças.
Para conhecer o seu objecto, a Psicologia vais investigar para recolher e organizar informação, através da observação, da investigação experimental e também inquéritos e etc. Irá, posteriormente, descrever, explicar, prever e controlar os comportamentos, os processos mentais e o mundo relacional.
Dicotomias na explicação do comportamento Humano
Em Psicologia, diferentes concepções dos seres humanos originam diferentes orientações e perspectivas, que se organizam em forma de dicotomias. As diferentes concepções têm-se mantido ao longo da História da Psicologia, num balanceamento em que domina ora um pólo ora o outro.
INATO/ADQUIRIDO
Diferentes investigadores, filósofos e psicólogos têm procurado responder a uma questão que pode variar de enunciado:
- O que é que nos torna Humanos?
- O que nos leva a ser e a comportarmo-nos de determinadas formas?
- Como se explica que nos comportemos de modo diferente dos outros?
Para responder a esta pergunta diferentes autores colocaram-se nos pólos extremos da dicotomia: o pólo do inato e o pólo adquirido.
O PÓLO INATO
O pólo inato/natureza tem estado ligado a formas de ver o ser humano e o seu comportamento como determinado pelas suas características biológicas e corporais. O comportamento humano seria, fundamentalmente, determinado pela hereditariedade: seria o património genético que definiria a constituição orgânica e psicológica dos indivíduos, bem como os seus comportamentos e personalidade. Estas seria características inatas – nascem connosco. A maturação encarregar-se-ia de orientar o crescimentos biológico do corpo e o desenvolvimento segundo padrões definidos pelo programa genético.
FREUD – afirma a existência de duas pulsões inatas: a pulsão da vida – auto-preservação do indivíduo e pulsões sexuais – e a pulsão da morte – comportamentos agressivos, por exemplo.
LORENZ – considera que o comportamento animal é instintivo. Existe um conjunto de comportamentos estereotipados.
GESELL – assegura a existência de uma predisposição natural para o organismo se desenvolver. Os comportamentos sucedem-se numa ordem determinada e o desenvolvimento e maturação estão predeterminados.
O PÓLO ADQUIRIDO
Passando para o pólo adquirido, da educação, da influência do meio ambiente, encontramos perspectivas que defendem que são as nossas experiências sociais e culturais que determinam a nossa forma de ser e de nos comportarmos. Seriamos fruto do que aprendemos e dos ambientes em que vivemos.
WATSON – teoria do behaviourismo: todo o comportamento humano é determinado pelo conjunto de respostas aprendidas a determinados estímulos. Somos o que o meio nos permite ser.
SKINNER – faz prevalecer a influência do meio da aprendizagem: o reforço assegura a repetição de uma acção.
BANDURA – vê na observação e na imitação de modelos sociais a origem de muitos comportamentos humanos: aprendizagem por modelagem.
Todos estes psicólogos negam a existência de factores biológicos, genéticos, que possam contribuir de forma determinante para a compreensão das características e comportamentos manifestados pelos seres humanos.
No entanto Piaget procurou integrar os dois pólos – teoria para o desenvolvimento cognitivo – valorizando tanto os factores maturativos como os factores socioculturais. Esta posição não é nem inatista nem empirista: o sujeito tem um papel activo na construção do pensamento e do conhecimento.
CONTINUIDADE/DESCONTINUIDADE
A dicotomia entre a continuidade e a descontinuidade relaciona-se com a forma como diferentes autores vêem e explicam as transformações que as pessoas vão experimentando e as formas como vão determinando as suas maneiras de ser, pensar e agir.
CONCEITOS DE CONTINUIDADE E DE DESCONTINUIDADE
O termo continuidade diz respeito a tudo aquilo que continua a existir de modo semelhante ao que existia antes. A noção de descontinuidade aponta para o que não se mantém o mesmo. Envolve a noção de mudança abrupta ou aparecimento do que não existia antes e que passa a existir.
PERSPECTIVAS CENTRADAS NA CONTINUIDADE
Há autores que defendem que os comportamentos humanos mudam gradualmente. Watson, através da sua teoria behaviourista, afirma que os nossos comportamentos evoluem dos mais simples para os mais complexos, ou seja, as transformações dos comportamentos partem da continuidade, da integração nas novas aprendizagens, de aprendizagens anteriores.
As perspectivas mais centradas na continuidade, como a teoria da aprendizagem social, tendem a ver a mudança em determinados comportamentos como resultado da acumulação de associações de respostas a estímulos.
PERSPECTIVAS CENTRADAS NA DESCONTINUIDADE
Freud e Piaget encaram o desenvolvimento humano, como ocorrendo numa sucessão de estágios, defendendo a descontinuidade. Um estágio é uma forma de organizar num todo, com uma lógica própria, comportamentos, modos de pensar e de sentir.
As teorias mais centradas na descontinuidade, tendem a ver as transformações nos comportamentos e nos modos de ser dos seres humanos como envolvendo momentos de reorganização. As novas formas de organização apresentam-se como qualitativamente diferentes das anteriores
As mudanças qualitativas implicam um desenvolvimento descontínuo. Se há mudanças qualitativas, há sempre um modo de organização global que não existia antes e que emerge.
A CONCLUIR
Tanto a continuidade como a descontinuidade são importantes, uma vez que nós mudamos tanto de forma contínua como descontínua. Experimentamos mudanças que se devem à integração de novos conhecimentos (continuidade e alteração quantitativa), mas o surgimento de novas respostas e capacidades é devido a reorganizações das nossas formas de pensar (descontinuidade e alteração qualitativa).
ESTABILIDADE/MUDANÇA
Quando conhecemos bem uma pessoa temos a capacidade de prever os seus comportamentos numa determinada situação. Reconhecemos a estabilidade nos comportamentos e nos modos de ser.
A dicotomia entre estabilidade/mudança diz respeito ao modo como diferentes correntes foram vendo a explicação do comportamento como tendo origem em elementos de estabilidade ou em elementos de mudança.
Os autores que valorizavam o pólo da mudança eram aqueles que abordavam o comportamento das crianças e dos adolescentes. Eram, portanto, afectados nas suas concepções gerais, uma vez que o desenvolvimento desde criança a adolescente é substancial. Pensavam que, enquanto a mudança marcava a infância e a adolescência, a estabilidade era a principal característica do adulto. No entanto, já compreendemos que esta concepção está errada, uma vez que a principal característica dos seres humanos é a plasticidade que os acompanha ao longo da vida. A mudança acompanha-nos ao longo da vida.
Estas afirmações não são incompatíveis com o conceito de estabilidade: reconhecemo-nos e somos reconhecidos, mesmo quando estamos em contextos diferentes. Esta noção reporta-nos para o conceito de personalidade – representa uma continuidade, uma coerência e consistência no modo de ser e estar. Corresponde às características pessoais, persistentes, dotadas de coerência interna, mas que não são estáticas, já que a personalidade constrói-se ao longo do tempo.
INTERNO/EXTERNO
Ao longo da história da psicologia o pólo interno tem surgido ligado ao corpo e à sua biologia, ou seja, às cognições, às emoções e aos pensamentos. Por outro lado, o pólo externo associa-se ao contexto, à situação, às relações. O externo tem sido relacionado com os estímulos que nos afectam.
No entanto o interior e o exterior estão em constante diálogo e interagem em cada momento por nós vivido.
INDIVIDUAL/SOCIAL
As concepções que se centram nos aspectos individuais sublinham as características humanas que remetem para o corpo capaz de se adaptar ao meio através dos comportamentos reflexos e das emoções básicas. No entanto o ser humano só atinge o seu estatuto de humanidade no contexto das interacções sociais.
As concepções que se centram nos aspectos sociais radicam o carácter do ser humano na vivência social. Contudo, reduzir o indivíduo à componente social é esquecer a capacidade de o ser humano se auto-organizar.


Apredizagem
Publicada por Joana Pereira on 19:12 / Comments: (0) Etiquetas: , , ,
Todos os comportamentos do nosso quotidiano são aprendidos, isto é, adquiridos no processo de socialização.
Podemos definir a aprendizagem como uma modificação relativamente estável do comportamento ou do conhecimento, que resulta do exercício, experiência, treino ou estudo. É um processo que, envolvendo processos cognitivos, motivacionais e emocionais, se manifesta em comportamentos.
No entanto nem todas as mudanças de comportamento são fruto da aprendizagem. Existe um conjunto de comportamentos, como o acto de respirar ou pestanejar, que nos é inato.
A aprendizagem é, então, um processo cognitivo que nos torna humanos.
Processos de Aprendizagem
Há comportamentos que estão directamente relacionados com os estímulos do meio – aprendizagens não simbólicas (aprendizagem associativa e não associativa). Outros comportamentos, como cumprimentar as pessoas ou escrever são aprendizagens simbólicas, porque envolvem a forma como interpretamos a realidade e regulamos os nossos comportamentos.
Aprendizagem não associativa
A habituação e a sensitização são duas formas de aprendizagem não associativa, porque o indivíduo aprende as características de um determinado estímulo.
A habituação consiste na diminuição da tendência para responder a estímulos que se tornam familiares, devido à exposição sucessiva aos mesmos. Aprendemos a ignorar estímulos conhecidos, não portadores de informação nova, o que aumenta a nossa capacidade de adaptação a outras aprendizagens que possam surgir.
Pela sensitização aprendem-se as propriedades de um estímulo prejudicial – quando nos assustamos com algum ruído, vamos reagir mais activamente a qualquer ruído que se siga.
Aprendizagem associativa
Condicionamento clássico
Foi o investigador russo, Ivan Pavlov, quem descobriu (através dos reflexos digestivos do cão) uma forma de aprendizagem presente nos seres humanos e noutros animais – reflexo condicionado.
1 - Pavlov apresentava a carne ao cão e este salivava.
2 - Em seguida apresentava a carne acompanhada pelo som da campainha e o cão salivava. Repetiu várias vezes esta associação.
3 - Ao ouvir apenas o som da campainha, o cão passou a salivar-
Pavlov afirmava que a aprendizagem resulta de associações entre estímulos e respostas:
Estimulo - Qualquer elemento do meio que produz efeito sobre o organismo; Provoca uma reacção, uma alteração no comportamento.
Resposta - Qualquer actividade do organismo que se segue ao estimulo. Pode ser um movimento, uma secreção glandular, um pensamento ou uma emoção.
Para compreendermos melhor este processo, eis a distinção:
Estimulo Neutro: Estimulo que, antes do condicionamento, não produz a resposta desejada. Ex.: som da campainha
Estimulo não condicionado ou Incondicionado: Estimulo que desencadeia uma resposta não aprendida. Ex.: carne
Resposta Incondicionada: Resposta inata, não aprendida. Ex.: salivar com o cheiro da carne
Estimulo Condicionado: Estimulo neutro que, associado ao estímulo incondicionado, passa a provocar uma resposta semelhante à desencadeada pelo estímulo incondicionado. Ex. som, depois de associado à carne, passa por si só a provocar a salivação.
Resposta Condicionada: Resposta que, depois do condicionamento, se segue ao estimulo que antes era neutro. Ex. salivar quando ouve o som da campainha.
Este tipo de aprendizagem não implica a vontade do sujeito: o sujeito é passivo.
Condicionamento operante
Skinner, investigador norte-americano, desenvolveu uma experiência que o conduziu à descoberta do modo como tantas das nossas aprendizagens se processam e mantêm.
Colocou um rato esfomeado na “caixa operante” ou “caixa de Skinner”.
O animal explora o ambiente.
Por acaso acciona a alavanca recebendo uma porção de alimento.
A partir de várias tentativas bem-sucedidas, o rato passa a premir a alavanca para receber alimento.
Graças ao reforço – estimulo que, por trazer consequências positivas, aumenta a probabilidade de uma resposta ocorrer – o rato aprendeu a carregar na alavanca.
Reforço Positivo – Estimulo que tem consequências positivas e agradáveis e que se segue a um dado comportamento.
Reforço Negativo – O sujeito evita uma situação dolorosa se se comportar de determinado modo. É a eliminação do estímulo que permite evitar a situação dolorosa.
Ambos os tipos de reforço tem como objectivo fortalecer e aumentar a ocorrência de um comportamento. Ambos aumentam a probabilidade de a resposta ocorrer.
Aprendizagem por observação e imitação
A aprendizagem por observação e por imitação, também designada por aprendizagem social ou aprendizagem por modelação, foi estudada pelo investigador Albert Bandura. Bandura constatou que a experiência dos outros poderia conduzir à aquisição de novos comportamentos, que eram assim adquiridos a partir da observação e imitação de um modelo, e que passam a fazer parte do seu quadro de respostas.
Depois de assegurar que um grupo de crianças tinha observado e memorizado comportamentos agressivos, mas que não os reproduziam, concluiu que não bastava observar e reter um comportamento para o imitar. A fase de execução implica factores internos do próprio sujeito. Foi esta constatação que permitiu a Bandura evoluir da teoria da aprendizagem social para uma teoria cognitiva social, considerando muito importantes as capacidades cognitivas do sujeito.
Aprendizagem com recurso a símbolos e representações
Aquisição de conhecimentos
Quando apreendemos um conhecimento novo, integramo-lo nos conhecimentos que já adquirimos e que são assegurados pela memória. Mas não só, temos esquemas cognitivos prévios que nos permitem enquadrar novas aquisições.
Os novos conhecimentos podem modificar, enriquecer ou até mesmo suscitar a criação de novos esquemas. Trata-se de um processo complexo, uma vez que os esquemas cognitivos são estruturas dinâmicas que proporcionam os conhecimentos que já possuímos e integram os novos.
Aquisição de procedimentos e competências
Para executarmos uma determinada tarefa, temos de desenvolver um conjunto de acções concertadas, que se designam por procedimentos.
Sempre que surge a necessidade de aprender algo novo, uma nova competência, mobilizamos os esquemas gerais e fazemos adaptações que nos permitam ser eficazes. Com a repetição, vamos corrigindo as acções inadequadas, repetimos as que consideramos adequadas até o processo se tornar automático. Fica assegurado que daqui a muito tempo podemos recuperar este “saber fazer”.
Como aprendes, quando aprendes
A aprendizagem é um processo pessoal, que envolve a totalidade da pessoa: o seu pensamento, as suas emoções, sentimentos e afectos, a sua história de vida.
Ao aprender, modificamo-nos e reorganizamo-nos interiormente. O modo como integramos uma informação ou conhecimentos novos resulta de uma síntese entre o que somos e o que sabemos, entre as representações do mundo que possuímos e o que se nos apresenta de novo.
A MOTIVAÇÃO – Quando estamos motivados, temos uma atitude activa e empenhada. A aprendizagem é mais clara e mais eficaz quando estamos interessados por um determinado assunto ou tema.
OS ACONTECIMENTOS ANTERIORES – Os conhecimentos anteriores servem de base a novas aprendizagens. São facilitadores de novas aprendizagens.
A QUANTIDADE DE INFORMAÇÃO – A nossa capacidade de aprender novas informações é limitada, por isso é necessários proceder a uma selecção da informação relevante, organizando-a de modo a poder ser gerida em termos de aprendizagem.
A DIVERSIDADE DAS ACTIVIDADES – Quanto mais diversificadas forem as abordagens a um tema, quanto mais diferenciadas forem as tarefas, maior é a motivação e a concentração e melhor decorre a aprendizagem.
A PLANIFICAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO – A definição clara de objectivos, a selecção de estratégias, é essencial para uma aprendizagem bem-sucedida. A planificação e organização promovem o controlo dos processos de aprendizagem.
A COOPERAÇÃO - Determinados tipos de aprendizagem são melhor resolvidos e a aprendizagem é mais eficaz se trabalharmos de forma cooperativa. A cooperação possibilita a resolução de problemas complexos de forma mais eficaz.

Apresentação

olá eu sou a Daniela Gomes estou no 12º ano este é o meu portfolio digital da disciplina de Psicologia do 12º ano. Aqui vou escrever resumos da matéria, deixar links interessantes e úteis, bem como disponibilizar todos os trabalhos e pesquisas realizadas ao longo do ano lectivo.Volte sempre!